TOKYO — THE HUMAN WORLD

"Meu pau de óculos, meu amigo!" Respondeu diante do conselho, sorrindo durante o resto do trajeto. Acabou por levá-los para um barzinho da cidade, não era grande coisa, mas tinha a bebida que ele queria então estava tudo certo.

"PASSA TUDO O QUE VOCÊ TEM!" Berrou ao pobre garçom, que calmamente lhes passou algumas garrafas de saquê. Ao ser questionado sobre o pagamento, o homem simplesmente se virou para encarar o acompanhante, embora já estivesse bebendo diretamente da garrafa.

Depois de muita garrafas e feitiços de reposição depois, Pablo continuava praticamente o mesmo de antes. Talvez mais ruborizado e meio grogue, mas fora isso estava muito bem. Passava a maior parte do tempo falando sobre as coisas que aprontava durante a infância no México, simplesmente para a conversa não morrer e deixar aquilo ainda mais desconfortável. Até só os dois sobrarem no barzinho, junto de um garçom muito confuso a respeito de como as garrafas ainda não haviam acabado.

"Então, quando mi padre entrou no meu quarto para perguntar quem tinha mexido no adubo."Ele parou, soluçando antes de continuar. "A primeira coisa que ele sentiu foi a bola de bosta atirada na direção dele!" E desatou a rir.

"Tocante." A Kyūbi se aproximou por trás do moreno que tagarelava. "Você é desprezível."

Ela andou até um banco para se sentar ao lado de Edward.

"Por que ainda perde tempo com esta criatura?" Questionou, observando o garoto com um olhar superior.

Pablo não parecia estar ligando muito para a presença da raposa, abrindo e fechando a mão enquanto a escutava falar e revirando os olhos ao final. "Chica, de novo com esse papo de me odiar? Admite logo que me ama ou cala a boquinha de uma vez, não posso discutir agora, to bebendo." E como se para deixar aquilo ainda mais claro, voltou a encher os copos, até separando um para a Kitsune.

Ele ficou flutuando insistentemente ao redor de sua cabeça, fazendo de tudo para ser visto. "Já que está aqui, deveria aproveitar pra beber ou sei lá." Deu de ombros, voltando a beber, silenciosamente agora, enquanto o copo ficava mais violento e insistente a cada segundo, ameaçando derramar seu conteúdo na Kitsune devido os movimentos excessivos. "Eu recomendo que você beba."

A Kyūbi pegou o copo e encarou o moreno. Não demorou alguns segundos para ela apertar o vidro com a mão e estilhaçar em pedacinhos. Sua expressão permaneceu a mesma, neutra, durante todo o processo. Havia vidro em sua mão, pelo que ela simplesmente fez cair ao mexer os dedos.

"Ops." A Kyūbi deu um sorrisinho falso. "Quebrou."

E então voltou a olhar Edward.

"Já posso matá-lo?"

O copo simplesmente se reconstruiu quando seus cacos bateram no chão, com o único diferencial sendo que agora estava ligeiramente maior que antes, mas ainda completamente cheio. Quase do tamanho da cabeça da raposa, continuando a bater insistentemente contra ela, logo todos os outros copos e garrafas na mesa se juntaram ao companheiro, deixando o rostinho dela deformado através do vidro. "Algo me diz que a bebida não gosta de ser desperdiçada dessa forma." Pablo riu, antes de encarar pensativo o outro bruxo por um tempo, o latino tamborilava sobre a superfície de madeira da mesa, parecendo considerar aquela sugestão

"Um pique-esconde mortal contra uma chica ingrata que quer me matar, é a melhor ideia que alguém já teve em séculos!" Respondeu animado, encarando a Kitsune ainda mais intensamente. "Se ela quiser tanto assim uma chance de meter as mãozinhas em mim."

A Kyūbi apenas observou calmamente. Em um segundo, ela havia desaparecido depois de se esquivar dos copos que a rodeavam. Sua forma então mudou para a de um homem galante, de pele morena e forte. Ela voltou a se aproximar da mesa, direcionando uma mão a Pablo:

"Sabe dançar?"

Pablo encarava desconfiado aquela cena, olhando para a mão que lhe era oferecida, sabendo se tratar da Kitsune. Não que se importasse com a aparência que ela quisesse tomar, mas estava acostumado com a forma feminina, além de com um mal pressentimento, ainda mais por ela demonstrar querer matá-lo dois segundos antes. Mesmo assim, deu de ombros, antes de agarrar sua mão. "Se você não se importar com Salsa!"

"Uma dança quente para um jovem mais quente ainda." A Kyūbi sorriu. Agarrou a mão de Pablo e foi para uma área mais ampla, logo após de estalar os dedos para que ligassem uma música bem animada. Ela então passou a outra mão pela cintura do moreno enquanto dançava. Seus paços eram rápidos, onde ela colava os corpos propositalmente para trocarem calores. Em sua forma de humano, ela vestia uma camisa de botões onde o peitoral ficava marcado e aparente, com uma calça justa e sapatos pretos. A barba rente misturada ao sorriso era um charme que deuxava as pessoas com os olhares fixados em si.

Em meio a dança, a Kyūbi desceu a mão até a bunda de seu acompanhante, apertando com vigor. Ela deu uma piscadela e voltou a rodopiá-lo, até que seu rosto se encontrasse com o pescoço do menor. "Talvez você não seja tão repulsivo." Ela sussurrou ao pé de seu ouvido, antes de dar uma leve mordiscada no pescoço do rapaz. Seus dentes se cravaram de leve, até aumentarem a força e ficarem a marca. Logo depois a Kyūbi se afastou com um sorriso, fazendo Pablo girar e ir de encontro ao seu corpo novamente, o inclinando para baixo. Seus lábios bem próximos do garoto que, com um sorriso, tiveram a distância selada por um leve beijo. O lábio inferior de Pablo foi mordido, quase arrancado, até que ela subitamente parou e o largou—não se importando se ele cairia no chão.

"Seu juego é muito interessante." Falou, prepotente. Encarava o rapaz com um sorriso sacana. "Pena que já comi hoje."

Fazia um bom tempo que Pablo não dançava daquela forma, embora soubesse que não estava enferrujado, pois jamais poderia perder o jeito em algo que gostava tanto. Aquela dança lhe trazia boas recordações, o suficiente para fazê-lo rir e não protestar por ser ele a ser conduzido, algo que geralmente jamais aceitaria se algum escândalo.

Na verdade ele só percebeu aquilo quando a raposa apertou sua bunda, o que o deixou ligeiramente mais alerta, mas continuou dançando, porque querendo ou não estava se divertindo. "Estamos dançando só há alguns minutos e você já está caidinha por mim." Brincou após ouvir o que ela dizia, antes que ela acabasse por mordê-lo e logo depois beijá-lo. Quando caiu, o latino ainda estava sorrindo.

"E você dança bem, para um amador." Piscou para a raposa, enquanto se levantava, ouvindo por fim o seu comentário e rebatendo com o mesmo tipo de sorriso. " Pero você precisa de mais do que uma dança para me convencer a ser seu jantar."